O
que te guia? Inspiração, medo ou vontade, sempre há o que nos move, sempre há o
que nos surge para indicar caminhos ou possibilidades, como se por além de nós,
essencialmente íntimo.
No
caso de Mariana Aydar, guiada pela intuição, as vontades essenciais para seu
terceiro disco eram várias, que surgiam e se somavam em realizações: gravar ao
vivo, buscar origens e ao mesmo tempo olhar pra frente, aprofundar no lado
rítmico afrobrasileiro, trazer pra perto uma certa tradição nordestina sem
clichês, montar a melhor banda do mundo. O resultado, Cavaleiro Selvagem
Aqui Te Sigo, é o que pode ser chamado seu álbum mais pessoal, amplo de
ideias e bem realizado em sons.
A Saga do Cavaleiro é sugerir e guiar, passar e inspirar. Mariana ouviu e criou seu disco mais artesanal, cheio de mistérios, afromântrico. Não tem manual, não é uma homenagem a tradições, cada um de nós tem seu próprio Cavaleiro Selvagem. É uma busca a algo maior pela música, pela expressão, pela soma. O caminho é pessoal a cada participante e ouvinte e se é universal é pelo ímpeto artístico. O coração sente e derrama vida. E fim.
Show: Mariana Aydar
Data: 20 de Outubro (Domingo)
Horário: a partir das 14h
Local: Área de shows
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Mariana Aydar
“A música é minha redenção
e minha rendição.”
Criada no ambiente artístico, Mariana sempre teve a música bastante presente
como fonte de expressão e liberdade. Uma espécie de conexão com o que não tem
palavras, uma expressão quase osmótica, sem regras. “Desde pequena sabia que
gostaria de estar perto do palco. Atrás, na frente ou em cima. Aprendi muito só
observando”, lembra ela, “Na minha casa o som era bem variado. Ouvia de tudo.
Aos 20 anos descobriu que toda sua bagagem era uma desculpa para fazer
o que mais gostava: cantar. Em 2000, aos 20 anos, começou a cantar
profissionalmente como backing vocal do violeiro Miltinho Edilberto, cujo
repertório era basicamente de forró. Logo depois, comandou sua primeira banda,
Caruá, também de forró, durante três anos. Neste período, teve a oportunidade
de dividir o palco com grandes nomes da música popular brasileira, como
Dominguinhos e Elba Ramalho. Foi também backing vocal no trio elétrico de
Daniela Mercury, no carnaval de 2004. Em paralelo, integrava a banda do
compositor paulistano Dante Ozzetti.
Aos 24 anos, se viu num impasse: ou continuava o trabalho com a Caruá e gravava
o primeiro disco da banda ou procuraria o que realmente espelhasse a variedade
de sua musicalidade. Com um disco demo embaixo do braço, foi morar fora do
Brasil, sozinha, para buscar novas referências.
Optou por Paris pela efervescência cultural e percebeu ter feito a escolha
certa. “Lá conheci músicas e músicos do mundo inteiro: africanos, asiáticos,
franceses; foi um ano de amadurecimento pessoal e, consequentemente, musical”.
Observar o Brasil com um olhar estrangeiro foi muito importante para sua
formação. Se já era apaixonada pela música brasileira, se deu conta do valor do
tesouro cultural que tinha em volta de si, desde criança. “Os estrangeiros
sabem reconhecer a nossa cultura, muitas vezes mais do que nós mesmos”.
Ainda em Paris, fez a curadoria de programa de televisão brasileiro, onde
recebia discos de todo o Brasil, percebendo concretamente, à distância, um
movimento cultural contemporâneo que acontecia em seu país. Então sentiu-se
pronta e inspirada para voltar e gravar o seu primeiro álbum juntando as
influências colecionadas ao longo da sua vida e da vivência no exterior.